A Páscoa na Era Tudor

As tradições da Páscoa, incluindo os rituais da Semana Santa continuaram durante os tempos Tudor com vários modos de celebrações como modo de enriquecer os seus costumes.

Os Tudors nunca perdiam uma possível chance de se divertirem, em festivais de igrejas, casamentos, batizados e outras ocasiões, de modo que isso socializava e enriquecia a suas vidas. Muitos dos passatempos das pessoas dessa época eram torneios, teatros, danças, músicas e leitura. A caça e a luta também era considerados agradáveis atividades recreativas.

No entanto, a época da Páscoa religiosa também foi um momento de série consideração dos pecados e as orações, como haviam sido durante os tempos medievais.

O primeiro dia da Semana Santa era o Domingo de Ramos, quando o padre iria ler a história da entrada triunfal de Cristo em Jerusalém montado num jumento.

A maioria dos fiéis das igrejas medievais eram camponeses sem instrução que não sabiam ler. Naquela época (antes da Reforma) , as escrituras só eram escritas em latim, que era interpretado e traduzido pelos sacerdotes. O ritual da missa poderia ser um mistério para os leigos, que viam os gestos e o coro sem saber do que se estava falando. Eles aprendiam sobre a Bíblia pelos vitrais e desenhos que ilustravam as histórias. Os teatros também eram populares.

Para se preparar para a Páscoa, os fiéis começavam o jejum 40 dias antes, na quarta-feira de cinzas. Cada penitente, rico ou pobre, iam à missa neste dia e permitiam que o padre fizesse o sinal da cruz em sua testa com cinzas. Esta era a declaração pública de seu arrependimento pelos pecados – um ritual muito sério. O jejum começava logo em seguida, e incluía apenas uma refeição por dia, exceto para os muito jovens, idosos ou doentes. Eles não podiam comer  carne, produtos lácteos, consumindo apenas ovos e frutas em sua dieta.  Durante esse período, os ovos eram cozidos e guardados, uma tradição que continua até hoje na pintura de ovos cozidos.

Para os cristãos, a Páscoa era particularmente agradável porque via após as semanas de jejum e abstinência. A partir da quarta-feira, quando os devotos eram marcados, a Quaresma era um tempo e que todos, ricos ou pobres, renunciavam aos prazeres da vida cotidiana.

A Quaresma atingia o seu pico na semana anterior à da Semana Santa e da Páscoa, quando missas especiais eram feitas na igreja. Como a quinta-feira foi o dia da Última Ceia, que era lembrada com a eucaristia ou comunhão na igreja. Entretanto, recentes pesquisas afirmam que a Última Ceia de fato ocorreu na quarta-feira.

Na quarta-feira, o sacerdote lia passagens da Bíblia sobre o véu do Templo em Jerusalém. Posteriormente, o véu da Quaresma era removido e embalado até a celebração do ano seguinte.

Na quinta-feira santa, o clero preparava a igreja para a celebração da Páscoa lavando os altares com água e vinho. Eles também ouviam confissões durante o dia.

Na sexta-feira santa, a tradição medieval “Rastejar à Cruz” ainda era uma prática popular. O clero comemorava o sofrimento e a crucificação rastejando até um crucifixo diante do altar, de joelhos ou descalços. Ao chegar ao crucifixo, eles beijavam os pés de seu salvador. O sepulcro da Páscoa era um nicho de pedra ou madeira, que representava o túmulo selado. O clero enchia-o com hóstia sagrada e um crucifixo. Então eles selavam a entrada com um pano e velas acesas em torno dele. Os membros da congregação, em seguida, se revezavam cuidando dele.Uma velha tradição proibia qualquer pessoa a usar pregos ou ferramentas de ferro na sexta-feira, de modo a comemorar Jesus na cruz.

No sábado de noite, o paroquianos esperavam fora da igreja para assistir ao nascer do sol, enquanto cantavam hinos de alegria. No domingo de Páscoa, o  padre os levava para dentro da igreja, e o clero apagava as velas da igreja e, em seguida, re-acendia-as antes da abertura do sepulcro.

Era dada uma missa especial, para celebrar a ressurreição, juntamente com a boa notícia do evangelho ao anunciar que, através do sacrifício, o  pecado de todos os homens foram perdoados e que eles teriam a vida eterna.

Essa missa marcava o fim da Quaresma, um período onde a dieta das pessoas eram limitadas, de modo que era natural comemorar o domingo com muita comida. Esta era a festa mais especial do ano medieval. Todos aqueles que podiam pagar usavam roupas novas, como sinal de um novo começo. Na verdade, essa poderia ser a única vez em que cada ano que os pobres usavam roupas novas.

O banquete medieval, é claro, não se tratava de apenas alimentar o corpo. Sem internet, televisão ou telefone, as festas eram mega-eventos sociais. A festa tinha várias fases, com músicos, acrobatas e outros divertimentos.

As crianças tinham muito divertimento, com os pais escondendo os ovos cozidos como um símbolo dos apóstolos encontrarem Cristo ressuscitado no túmulo. Elas levavam os ovos para igreja para serem abençoados.

Os reis davam ovos dourados para os seus subalternos favoritos. Os registros sobreviventes da Condessa de Leicester mostra quantos ovos ela distribuiu para os seus inquilinos em 1265. O número varia de 1.000 a quase 4.000. Eduardo I da Inglaterra disse ter distribuído 450 ovos, muitos deles cobertos com folhas de ouro, em sua última Páscoa, em 1307.

Para muitos, a principal coisa a se esperar num domingo de Páscoa era que era um dos poucos dias do ano em que ninguém tinha que trabalhar. Era tradicional para os funcionários darem ao seu senhor um pequeno presente, como um prato de comida ou um animal recém-nascido e, em troca, o senhor dava uma festa para os seus funcionários e suas famílias.

Para as seções mais ricas da sociedade, a corte medieval na páscoa vivia um momento para restabelecer amizades, concretizar relacionamentos e participar em um suntuoso banquete, uma festa que continha todos os alimentos que tinham sidos proibidos durante a quaresma.

Entretanto, a diversão não parava no domingo. A segunda e terça feira eram uma oportunidade para os jovens de uma cidade liberarem seus “espíritos elevados” depois de uma semana de jejum. Na segunda-feira, as meninas “prendiam” os meninos da área, libertando-os somente mediante pagamento, em forma de uma doação para os fundos da igreja. Já na terça-feira, era a vez dos meninos capturarem as meninas.

Bibliografia:
EVANS, Diane. ‘Elizabethan (Tudor) Easter Tradition‘. Acesso em 21 de Abril de 2011.
BELLERBY, Rachel. ‘Medieval Easter Celebrations‘. Acesso em 21 de Abril de 2011.
Medieval Easter‘. Acesso em 21 de Abril de 2011.

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