Por que Elizabeth I é sempre retratada de forma grotesca?

“Usando maquiagem branca e vermelha, a atriz Anita Dobson se assemelha com o coringa de Heath Ledger”.

Um novo documentário da BBC, “Armada”, estreou onde à noite com reconstituições visuais para contar histórias elisabetanas: uma ilha sitiada, liderados por uma rainha vacilante, marinheiros ingleses corajosos, espanhóis sem rosto caindo com crucifixos sobre seus cativos como instrumentos de tortura. Presidindo tudo isso – embora na verdade não – estava uma figura que poucos elisabetanos teriam reconhecido: com maquiagem branca e vermelha, Anita Dobson se assemelhava tanto quando o Coringa de Heath Ledger, ou como ele teria parecido se fosse interpretado por sua avó. Apresentado e dirigido em parte por Dan Snow, a publicidade do documentário consistiu em cenas exclusivas das quatro horas de maquiagem que Dobson tinha que fazer todos os dias.

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Os Segredos da Beleza da Renascença

Elizabeth-WoodvilleEm uma das peças mais famosas de Shakespeare, Hamlet repreende Ophelia dizendo: ‘Deus vos deu um rosto, e você faz dele outro‘. Shakespeare estava fazendo uma referência ao uso de cosméticos de Ofélia, e ele não estava sozinho em suas objeções.

Especialmente na Inglaterra, cosméticos eram geralmente vistos como feitiçaria projetada para enganar homens indefesos. Além disso, seu uso não era bem visto pois poderia encobrir cicatrizes e vestígios de doenças.

Elizabeth Tudor voluntariamente usava maquiagem para iluminar a pele e esconder pequenas cicatrizes de catapora. Para este fim, ela usava uma substância especial feita da proteína do ovo, as cascas, alumínio, borato, sementes de papoula. Esta loção era aplicada no máximo três vezes por semana, se não você danificava a pele. Também era usada no pescoço, peito e mãos. Continuar lendo

Roupas da era Tudor

Roupas do período Tudor, por volta de 1486.

A maioria de nós já assistiu a série “The Tudors”, que retrata o reinado de Henrique VIII e de sua juventude até a sua morte.Os trajes mostrados são bonitos, ricos e luxuosos, mas infelizmente isso não têm muito em comum com as roupas reais que existiam na Corte na época. Então, quais eram as roupas usadas pelas pessoas na corte de Henrique VIII?
A maioria das informações sobre as peças do vestuário vem de retratos e descrições. Os respeitados cortesões usavam roupas sofisticadas e caras, que mostravam seu status social elevado. Um material popular eram as peças tecidas com fios de ouro, que eram muito caras.

Mulheres

Vestido de Catarina Parr

A forma da roupa das mulheres formavam um triângulo: o espartilho preso à cintura, enquanto a saia e o vestido eram “arregalados”. Na cabeça as mulheres usavam capelos, normalmente no estilo inglês ou francês, que vinham com um tecido que cobriam seus cabelos.
As roupas eram constituídas por várias camadas: anáguas, camisa e saia.
As camadas visíveis são o vestido e a camisa.
Independente da condição social, cada mulher usava uma camisa. As das nobres e rainhas eram ricamente bordadas e com as mangas de material de mais alta qualidade.
A saia mesmo desgastada eram a mesma, ela poderia ter uma parte especial do material de apoio para o busto, mas geralmente não usavam. Geralmente tinham uma cor vermelha.
O vestido é a última parte do guarda-roupa de uma mulher. Colocada por último, podem ser ricamente decorado, enfeitado com fios, com materiais da melhor qualidade. Os vestidos das rainhas eram adornados com pedras preciosas, portanto eram mais pesados. Também eram usadas umas mangas mais compridas, colocadas por baixo do vestido.

Capelos

Os capelos eram muito populares. Podiam esconder os cabelos ou não, com os cabelos soltos eram um símbolo de virgindade e castidade, mas no caso de mulheres casadas, que não eram bem vista com cabelos soltos, podiam se usar faixas juntos do capelo.

Ana Bolena, que passou vários anos na França, espalhou a moda dos capelos franceses. Eles eram mais elegantes, simples e leves, enquanto os ingleses eram pesados e escondiam praticamente todo o cabelo. Durante o reinado de Maria Tudor foi usado um capelo que combinavam ambos, franceses e ingleses.
As nobres adornavam seu capelo com jóias, pérolas e outras pedras preciosas.

Versão original do capelo, usado por Lady Margaret Beaufort e Elizabeth de York

Capelo inglês, usado por Margaret Shelton, Elizabeth Cheney e Margaret More

Capelo francês, usado por Maria Tudor, Ana Bolena e Catarina de Aragão

A junção dos capelos, usado por Bess de Hardwick, Maria Tudor e Maria Fitzalan

Homens

Henrique VIII e Eduardo VI – você pode ver como as roupas do jovem rei eram inspiradas na do pai.

O traje masculino era feito para destacar, principalmente, as pernas ( na época Tudor, eram os homens que se gabavam de suas pernas, e não as mulheres). As forma das roupas dava a impressão de um quadrado. Eram feitas de:
Camisetas de gola alta, gibão, justilho ( Tipo de colete muito justo) e um casaco externo.

Durante o reinado de Eduardo VI as roupas não mudaram muito, pois o jovem rei queria se parecer com o seu pai, Henrique VIII. Infelizmente, Eduardo morreu aos 16 anos de idade e quem ocupou o cargo foi Jane Gray, que logo foi destronada por Maria Tudor, filha mais velha de Henrique.

Trajes ricamente bordados não eram só para mulheres. Os homens também adornavam suas roupas com jóias e pedras preciosas. Os mantos poderiam ter símbolos costurados e também eram usados correntes de ouro cravejados com pedras preciosas. Os homens também usavam chapéus elegantes, decorados com uma pena ou pedras.

Moda na era de Elizabeth I

Bumroll

Durante o reinado de Elizabeth I ela mudou a moda. A rainha estava no centro das atenções, e como as tendências eram facilmente copiadas quando alguém nobre usava algo. Elizabeth usou isso para mostrar seu poder e impressionar as pessoas. Elizabeth usava roupas não somente inglesas, mas italianas, francesas e tailandesas. Ela também usava as roupas para alcançar objetivos políticos: quando estavam tendo negociações para o casamento com o francês duque de Anjou, no retrato de Elizabeth que seria mandado para ele ela posou com um vestido francês.
As roupas usadas agora eram: camisa, saia, espartilho (mais reforçado), farthingale (um tipo de saia mais apertada), bumroll (tecido usado nos quadris para dar uma forma diferente no vestido), parlet (tipo de pano enrolado no espartilho) e o vestido.

Lettice Knollys  e Elizabeth Tudor

Na época de Elizabeth, como você pode ver, eram usados mais roupas do que nos dias de Henrique VIII, usavam penteados diferentes.
Além disso, ela introduziu uma moda para maquiagem que na época de Henrique VIII não era muito popular – a pele clara, bochechas rosas e lábios vermelhos eram considerados muito mais elegantes quando se usavam maquiagem, ao contrário da época de Henrique.

As roupas dos homens não mudou muito. As roupas “quadradas” foram substituídas por roupas mais justas, e ao invés do casaco começou a se usar um tipo de jaqueta curta.

Robert Dudley com o traje típico de um cortesão.

Traduzido do artigo 'Stroje w epoce Tudorów' escrito por Sylwia S. Zupanec.

A beleza e a saúde na Era Tudor

O ideal de beleza

Hoje em dia, para esconder as deficiências de beleza usamos cosméticos, as empresas produzem loções e cremes para hidratar o corpo, tintas para o cabelo e depilação. Mas como tudo isso era na época dos Tudor? As mulheres podiam usar maquiagem? Como cuidavam da beleza? Quais eram os penteados? Essa e outras perguntas serão respondidas neste artigo.

A mulher ideal

Elizabeth de York

Vamos começar com o ideal de beleza para os padrões da época. É claro que cada época teve suas próprias idéias sobre a beleza, como por exemplo os egípcios, os gregos e os romanos. A mulher perfeita do século XVI e XV tinha de ser essencialmente loira e pálida, com olhos azuis e uma silhueta cheia. É claro que os gostos divergiam, alguns gostavam de loiras magras e outros um pouco mais cheias; mas em uma Inglaterra do século XV as mulheres com grandes seios, coxas e quadris roliços eram perfeitos. Eram consideradas belezas ideais a dama de Ana Bolena, Shelton Madge.

Entre as seis esposas de Henrique VIII também não se esgotam mulheres descritas como belas – Catarina de Aragão, nos anos de sua juventude, foi considerada bonita, com características faciais regulares e cabelos louros. Catarina Howard destacou a beleza sutil de seus cortesões e Ana Bolena, embora não tenha sido a beleza típica da época, com seus olhos grandes castanhos e cabelos escuros, tez verde-oliva e esbelta. A mais próxima da beleza ideal, por mais da diferença de idade, tenha sido Elizabeth de York, a amada mãe de Henrique VIII e sua terceira esposa, Jane Seymour. Jane era pálida, com pele quase translúcida, com cabelos bem loiros e olhos azuis. Apesar dos contemporâneos não acharem Jane bonita, nos tempos em que ela vivia ela era elogiada por sua beleza. A tão atraente compleição pálida se dá ao fato de que as mulheres pobres tinham que trabalhar debaixo do sol o dia todo e por isso ficavam morenas, enquanto mulheres ricas não precisavam trabalhar e por isso eram pálidas.

O homem ideal

Thomas Wyatt

Também deveria ser pálido, de porte atlético e musculoso. Henrique VIII durante sua juventude muitas vezes se exibia por isso, segundo cronistas contemporâneos ele era considerado o homem mais belo e jovem. Eram os esporte populares, como tênis e futebol (o qual não tinha, obviamente, as regras de hoje em dia, resultando ás vezes em morte), caça, passeios a cavalo e torneios. Eram considerados como homens bonitos o poeta Thomas Wyatt, que era famoso por sua paixão por mulheres, Thomas Culpepper e Robert Dudley – cortesão favorito da rainha Elizabeth I.

Higiene

Para ter saúde no tempo dos Tudors, você tinha que começar a escovar os dentes. As pessoas mais ricas usavam “pós para os dentes”. Primeiramente, era uma substância composta por 2 gramas de concha de caracol e ossos de peixes, pérolas, pedras preciosas, âmbar e almíscar. Tudo misturado em proporções adequadas eram aplicadas nos dentes com os dedos.

Também era costume lavar as mãos antes das refeições – sendo usado para esta finalidade água de rosas. Pelas pessoas comerem com os dedos, as mãos tinham de estar impecavelmente limpas. Se você comesse mais de um prato de comida, tinha de lavar as mãos entre as refeições.

As senhoras de classes superiores usavam uma sabonete feito especialmente e era muito caro. Hoje também é conhecido como o tipo de sabão mais barato, utilizado por pessoas comuns.

Banhos

Banheiro do século XV

Muitos acreditam que nos tempos dos Tudor as pessoas na época dos Tudors eram sujas e se esforçassem poderiam ser mais limpas. Isso é um equívoco, uma vez que fazer coisas como tomar banho naquela época era realmente complicado. Primeiramente você tinha que ter uma banheira de madeira redonda, revestida com panos por causa das ferpas, tinha de recolher água e esquentá-la (se usavam baldes) e depois despejar de pouco em pouco na banheira. Esta situação dificultava a lavagem diária, por isso se tomava banho poucas vezes por semana.Henrique VIII dava muita importância ao banho, mandando construir vários em Hampton Court e no final de sua vida em Whitehall Palace, mesmo sendo um lugar para se nadar.

No inverno, Henrique tomava banho com ervas que eram recomendadas por médicos. Entretanto não se sabe se colocava-se as ervas na banheira ou ela era esfregada em na pessoa que iria se banhar primeiro.Infelizmente, as normas gerais de higiene eram pobres. É por isso que tantas mulheres morriam depois do parto – as parteiras não lavavam as mãos – o que levava a infecções. Entre as mulheres famosas que morreram após o parto estão Elizabeth de York, Jane Seymour e Catarina Parr.

Além do sabão e do banho, os reis e os nobres tiveram a oportunidade de comprar perfume. Alison Sim, autora de “The Tudor Housewife” (“Uma dona de casa na época dos Tudor”), observa que os perfumes eram usados mais para enfatizar o status social do que para mascarar odores, mas cumpria ambas as funções. Além disso, os odores vinham principalmente das roupas que não eram sempre lavadas.

Imagine como seria um dia quente de verão, usando aqueles pesados vestidos. Era sempre um desafio manter a roupa sempre limpa e muito mais desafiador lavá-la, uma vez que não havia detergente, maquinas de lavar roupa e muito menos desodorante.

A maior importância de roupa limpa era dada as roupas íntimas. Todos, ricos ou pobres, sempre trocavam a cueca ou a camisa diariamente. Qualquer coisa que tocasse diretamente a pele tinha que ser impecavelmente limpo. Os ricos tinham estoques desse tipo de roupa sempre limpas e trocavam-nas várias vezes ao dia, especialmente após atividades físicas.

Maquiagem

Cate Blanchette como Elizabeth Tudor. A Rainha Virgem estava usando maquiagem

Na época Tudor a maquiagem era usada por mulheres ricas para enfatizar o seu status ou para encobrir deficiências, como cicatrizes, sardas e vestígios de doenças (varicela, por exemplo). O uso de maquiagem pesada, no entanto,  não era moda durante o reinado dos primeiros Tudors, como Henrique VII e Henrique VIII. Os perfumes eram populares junto do uso de cremes e unguentos para amaciar a pele. Estes eram feitos a partir de ingredientes como mel, cera de abelha e óleo de semente de gergelim.

A Rainha Elizabeth I tinha os atributos naturais de uma mulher Tudor ideal, mas ela reforçava e exagerava esta imagem usando muita maquiagem branca; isso explica o estranho rosto branco visto em muitos de seus retratos. A rainha voluntariamente usava maquiagem para iluminar a pele e esconder pequenas cicatrizes. Para este fim, ela usava uma substância especial feita da proteína do ovo, as cascas, alumínio, borato, sementes de papoula. Esta loção era aplicada no máximo três vezes por semana, caso contrário a pele poderia ficar manchada. Também era usada no pescoço, peito e mãos. As mulheres ricas também usavam uma loção para obter uma pele mais pálida, que era chamada de “Veneza Cerusytem”. Esta loção infelizmente era venenosa, pois continha chumbo, que pode causar danos a pele e ao cabelo, e seu uso a longo prazo pode levar a morte. A medida que a rainha envelhecia, mais pesada ficava a maquiagem, de modo a manter sua ilusão de beleza e imagem.

Cabelo

Charlotte Rampling interpretando Ana Bolena, usando cabelo solto na coroação.

As mulheres mantinham seus cabelos compridos durante toda a Era Tudor. Tanto Ana Bolena quanto Catarina de Aragão tinham cabelos longos o suficiente para sentarem-se em cima deles. No entanto, o cabelo era geralmente escondido em uma touca, com poucas exceções. EM grandes ocasiões de Estado, como coroações e casamentos, as mulheres eram autorizadas a mostrar seu cabelo longo. Isso ocorreu na coroação de Elizabeth I e Ana Bolena, que estava grávida.  De acordo com David Starkey, isso provocou muita indignação, pois Ana estava num estágio avançado de gravidez e nessa época tinha que se amarrar os cabelos.

Era dito que a Rainha Virgem Elizabeth também usava o cabelo solto para realçar sua pureza. No entanto, havia uma tendência para os diferentes tipos de chapéu, e a oportunidade de mostrar os cabelos eram em cerimônias como coroação e casamento. A noiva tinha de usar o cabelo solto, normalmente decorado com flores. Enquanto mulheres casadas não podiam aparecer em público com os cabelos soltos – isso era considerado fútil. Em termos de penteados, certamente a franja não era a favorita. Uma testa grande era símbolo de beleza e é por isso que o cabelo normalmente era penteado para cima, e para obter o efeito de uma testa mais larga muitas vezes mulheres arrancavam parte de seus cabelos da frente, ou tiravam completamente as sobrancelhas.

Já Elizabeth era diferente de sua mãe – ela tinha o cabelo mais crespo, que imediatamente virou moda quando Elizabeth se tornou rainha. Na época, as mulheres usavam espetos curvos de ferro quente para conseguir um encaracolado perfeito. As mulheres também gostavam de usar perucas, que eram bem populares. Desde que o cabelo ideal era loiro ou vermelho, muitas mulheres tingiam o cabelo visando estas cores. Para conseguir uma cor loira era comum usar urina ou uma mistura de sementes de cominho, açafrão, celidônia e óleo – ingredientes caros que tornavam impossível qualquer um que não fosse da nobreza comprá-los. Para as mulheres que pintavam o cabelo de vermelho, cor especialmente popular durante o reinado da ruiva Elizabeth I, era comum o uso de henna, que também poderia ser usado para pintar unhas. As perucas eram uma alternativa popular entre aquelas que não podiam tingir seu cabelo e queriam estar na moda. Elizabeth I gostava muito de perucas e não tinha nada menos do que 80 quando morreu.

Bibliografia:
ZUPANEC, Sylwia S. ‘Uroda i higiena w czasach Tudorów‘. Acesso em 15 de Fevereiro de 2011.
Tudor Make-up‘. Acesso em 16 de outubro de 2013.
Tudor Hair‘. Acesso em 16 de outubro de 2013.
The Ideal Beauty‘. Acesso em 16 de outubro de 2013.

Foto da Semana #1

Todas as sextas, a partir de hoje, será postada uma imagem de Ana Bolena e sua história. Serão fotos, e não quadros, por isso grande parte será da Geneviève Bujold, Natalie Portman, Natalie Dormer e provavelmente de alguma fotografia dos lugares onde ela passou em sua vida.

* Geneviève Bujold como Ana Bolena, no camarim, em Anne of Thousand Days, 1969.