“Eu posso ser uma mulher grande, mas tenho um pescoço pequeno” – Maria de Guise e a proposta de casamento de Henrique VIII

Nascida em 1515, Marie se casou em 1534 com Louis, Duque de Longueville, o primo do rei francês. O casamento foi curto, já que o marido morreu três anos depois. Marie ainda era jovem e elegível para casamento, e isso a tornou um foco no mundo dinástico da política européia. Ela foi alvo das negociações com James V da Escócia, que havia perdido sua primeira esposa, Madeleine de Valois, e precisava de uma nova noiva francesa para promover os interesses da aliança franco-escocesa contra a Inglaterra. Mas para tentar impedir essa união, o recém-viúvo, após a morte de Jane Seymour, Henrique VIII, também pediu a mão de Marie.

Acredita-se que ela era alta e bonita, com um grande dote, inteligente e espirituosa: assim como o rumor de que Christina de Milão teria dito que “se tivesse duas cabeças, uma estaria a serviço do rei inglês, mas tendo apenas uma, estava relutante em ir para a Inglaterra”, acredita-se que ao ouvir que Henrique VIII era ‘uma pessoa grande e precisava de uma grande esposa’ ela teria respondido “eu posso ser uma mulher grande, mas tenho um pescoço pequeno”. Essa seria, é claro, uma alusão ao fato de que Ana Bolena teria dito que seria fácil para o carrasco executá-la pois ela tinha um pescoço pequeno.

Sendo parte de uma família muito importante da França, o rei Francisco I é que teria decisão final sobre o assunto. É óbvio que, dado o histórico de conflitos entre França e Inglaterra, Francisco transmitiu ao pai de Marie que achava melhor que fosse feito um casamento com James da Escócia. De qualquer forma, Marie não queria ter que sair do país para se casar, pois não desejava deixar sua família. Mas o contrato de casamento foi finalizado em janeiro de 1538. Ela aceitou a oferta e fez planos apressados para a partida. O casamento real foi realizado por procuração no dia 18 de maio de 1538. Aos 22 anos, ela precisou deixar seu filho, de 3 anos, Francis, para trás na França. Com o morte de seu pai, ele se tornara o Duque de Longueville.

Marie ainda se ligaria com a família Tudor pelo seu casamento com James: a mãe de seu novo marido era ninguém menos que Margaret Tudor, irmã mais velha de Henrique VIII. Em julho do mesmo ano, Margaret escreveu a seu irmão: “Eu confio que ela se provará uma princesa sábia. Eu tenho estado em sua companhia, ela se porta muito honrosamente comigo, com muito bom entretenimento”.

Henrique VIII continuaria na sua vida até o dia de sua morte, em 1547. Em 1542, o segundo marido de Marie, James, morreria seis dias após o nascimento de sua filha, Maria Stuart. Ela se tornou, então, rainha da Escócia. O rei inglês então propôs uma aliança entre ela e seu filho, Eduardo Tudor. Essa proposta – e a recusa dela – foi registrada como ‘O cortejo Áspero‘.

Henrique não parou com a proposta de casamento. Após a execução de Catarina Howard, em abril de 1543 James Hamilton, Conde de Arran, regente da Escócia, ouviu um rumor de que Henrique queria que Marie fosse sua sexta esposa. Arran confrontou Marie sobre isso, que disse que não tinha desejos de se casar com o rei inglês. Essa informação foi passada para Ralph Sadler, o diplomata inglês na Escócia. Só podemos imaginar a reação de Henrique VIII ao ser recusado duas vezes pela mesma mulher.

Bibliografia:
WERTMAN, Janet. May 9, 1538 – Henry Loses a Potential Bride. Acesso em 26 de junho de 2017.
Mary of Guise. Acesso em 26 de junho de 2017.
The Queen’s Mother: Marie de Guise. Acesso em 26 de junho de 2017.

10 comentários sobre ““Eu posso ser uma mulher grande, mas tenho um pescoço pequeno” – Maria de Guise e a proposta de casamento de Henrique VIII

  1. Toma distraído, queria que a Mary Stuart, tivesse sido tão inteligente quanto a mãe dela, infelizmente sabemos seu fim.

    • Ás vezes acredito que as pessoas que são criadas na adversidade, quando confrontadas com a grandeza, como foi com Elizabeth, por exemplo, tem mais chances de fazer melhores escolhas. Claro que Elizabeth foi uma monarca bem-sucedida também graças aos seus bons conselheiros (coisa que Mary, acredito eu, nunca teve). Mas Mary foi Rainha desde que tinha dias de idade. Acredito que esteve sempre acostumada a fazer tudo do seu jeito e que todos a obedecessem… sem necessitar de muito pensamento estratégico.

      • Acredito que sim, fora que a educação dela foi mais pra rainha consorte, do que líder de nação.
        Infelizmente teve esse desfecho.

  2. Lamentável, que sua filha Mary Stuart, viesse a ser executada por ordem da filha de Henrique VIII e sua prima, Elizabeth I.

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