O Casamento de Henrique VIII e Jane Seymour

Henry VIII and his Six Wives [1972]Em 30 de maio de 1536 Henrique VIII e Jane Seymour foram casados pelo Arcebispo Cranmer, em uma cerimônia privada nos apartamentos da rainha no Palácio de Whitehall. O terceiro casamento do rei aconteceu apenas 11 dias após a execução de sua segunda esposa, Ana Bolena.

Diferentes histórias cercam o casamento de Jane e Henrique. Uma delas sustenta que eles foram formalmente comprometidos no celeiro de Wolfahall Manor, a casa da família de Jane. Isso foi proposto por John Aubrey, que escreveu um relato sobre a mansão em 1672. A segunda história é que Jane foi misteriosamente para Hampton Court no dia 20 de maio, menos de 24 horas depois da execução de Ana Bolena. Enquanto estava lá, o casal foi formalmente comprometido, o que não é o mesmo que estar casado. De acordo com um cortesão que estava lá, a beleza vista em Jane naquele dia não poderia ser comparada a nenhuma das rainhas de Henrique, mesmo Catarina de Aragão na flor de sua juventude. Como tem sido mantido por Elizabeth Norton e outros escritores, é mais provável que Henrique tenha se comprometido com Jane em Hampton Court do que em Wolf Hall.

Desde o anúncio do noivado em 20 de maio, o paradeiro de Jane foi obscuro. Ela pode ter retornado para a casa de sua família em Wof Hall para fazer os preparativos para seu casamento, embora seja possível que ela tenha permanecido em Chelsea, para onde o rei a enviou durante a queda e execução de Ana. De qualquer maneira, Jane deveria estar nervosa e animada, preparando e organizando seu novo papel como esposa e rainha, além de desfrutar a glória e honra que lhe seria dada. Sua família certamente estaria animada, agora que os Bolena estavam fora do poder os Seymour eram a família no topo do poder.

Independente de onde ela estivesse durante esses 11 dias, Jane partiu para York Palace na manhã de 30 de maio, vestida com elegância e pronta para se casar com o rei. A cerimônia teve lugar nos apartamentos da rainha, e contava com a presença dos amigos mais íntimos e membros da corte do rei.

David Starkey afirma que os votos reais foram os mesmos em cada um dos casamentos de Henrique. O rei jurava: ‘Tomar a minha legítima esposa, para tê-la e mantê-la deste dia em diante, no melhor e no pior, na riqueza e na pobreza, na saúde e na doença, até que a morte nos separe, e à mesma situação eu te dou minha fidelidade’. Em seguida, a rainha respondeu: ‘Eu te tomo, Henrique como meu esposo’, seguido pelos mesmos votos de Henrique, mas com a promessa de ser alegre na mesa e na cama. O rei presenteou-a com 104 herdades nobres espalhados por 19 condados, cinco castelos e várias florestas e terras para caça.

Como parte dos preparativos para o novo casamento real, o falcão emblemático de Ana (junto das iniciais ‘HA’ entrelaçadas, que tinham sido gravadas nas paredes, janelas e tetos) foram rapidamente substituídos com o emblema pessoal de Jane: uma fênix passando em um castelo em meio a chamas e rosas Tudor pintadas em vermelho e branco, assim como as iniciais da antiga rainha removidas para as da sua sucessora. O trabalho foi concluída com tanta pressa em Hampton Court que alguns ‘A’s ainda eram visíveis por baixo dos ‘J’s.

Seria a futura noiva já uma futura mãe? Esse casamento com uma mulher de nada que, como Elizabeth Blount e a própria Ana, não se recomendava senão pela possibilidade de ter filhos. Em Roma, o Dr. Ortiz escreveu que em Junho Jane estava ‘grávida de cinco ou seis meses’. Mas esse testemunho é longínquo e provavelmente influenciado, mais do que verossimilhante e crédulo. Os ingleses não diziam nada parecido, embora encobrir as condições de Jane nesse período não seria difícil. De acordo com Frances Hackket, ‘nada podia ter induzido Henrique a esposá-la tão rapidamente como a convicção de que ela já trazia o filho dele no seio’.

Jóias maravilhosas goram desenhadas para a nova rainha, com as letras H e I (do latim Ioanna) substituindo H a A, assim com os leopardos nos vitrais tinham cedido lugar às panteras. Um pendente com uma esmeralda no centro, com pingentes de pérolas, foi desenhado por Holbein, que também foi o desenhista de uma magnífica taça de ouro, dada de presente à rainha pelo rei, pesando 1.940 gramas. Nela apareciam medalhões de cabeças antigas, delfins e querubins sustentando as armas da rainha sob uma coroa imperial, e também as iniciais H e I entrelaçadas com um verdadeiro laço amoroso. Além do mais, o lema ‘Pronta para obedecer e servir’ estava inscrito com destaque na taça não uma, mas duas vezes.

De acordo com Alison Weir, o casamento de Jane e do rei foram marcados por celebrações públicas posteriores, mas de acordo com a biógrafa de Jane, Elizabeth Norton, o casamento foi mantido em segredo por alguns dias e, como aconteceu com o casamento de Henrique e Ana, não houve anúncio oficial. Ao invés disso, Jane foi gradualmente apresentada ao povo como rainha.

Wives of Henry VIIIPode ter sido isso devido à execução muito recente de Ana? Provavelmente. Henrique e o Conselho Privado provavelmente observaram a hostilidade geral e a falta de apoio popular a rápida coroação de Ana, e possivelmente não queriam que o mesmo se repetisse com Jane. Além disso, o rei deveria querer dissipar qualquer rumor sobre sua relação com Jane ter começado enquanto Ana ainda estava viva, mantendo assim uma imagem justa e casta para Jane. Por fim, apresentar-se calmo e confiável para o público também teria sido importante para manter o respeito, o que dificilmente poderia ser alcançado ao decapitar uma esposa um dia, casar-se com outra dez dias depois e desfilar com ela através de Londres. A explicação mais popular, entretanto, é que Henrique queria ver se Jane iria cumprir seu dever principal como rainha: fornecer-lhe um filho.

Em 4 de junho, dia de Pentecoste, o rei e a nova Rainha apareceram em público e, no domingo seguinte toda a alta o sociedade se aglomerou em volta deles na Abadia de Westminster, onde se realizou ‘quase uma coroação’. A abadia estava lotada e a multidão alegre encobriu o rei e a rainha com uma chuva de flores, transformando a missa de Pentecostes numa espécie de semi-coroação de Jane. Dentro da abadia, a cauda do vestido da rainha foi segurado pela sobrinha do rei Henrique, lady Margaret Douglas. A tarde, em York Palace, foi oferecido um banquete com o pretexto de comemorar a data religiosa – o centro da mesa foi ocupado por um imenso bolo de sete camadas para celebrar os sete dons conferidos pelo Espírito Santo aos apóstolos naquela data. Mas, de acordo com Margaret George, ‘na realidade aquele era um bolo de casamento e aquela era uma festa de casamento’.

No dia 7 de junho, o rei e a rainha seguiram pelo rio de Greenwich a Whitehall. A procissão de barcaças, as de seus lordes precedendo a do rei, era uma visão impressionante e à medida que a barcaça real passava pelo barcos ancorados no Tâmisa ‘todos os barcos davam salvas de tiros’. Houve outra deslumbrante procissão para celebrar a festa de Corpus Christi no dia 15 de junho. O rei e a rainha, juntos, seguiram a cavalo para a Abadia de Westminster, o rei primeiro, a rainha com suas damas atrás. Quatorze dias depois, a festa de São Pedro foi assinalada por um desfile no Tâmisa, uma justa em Whitehall, assistida pelo rei e pela rainha, e um casamento triplo de jovens fidalgos e damas, descendentes das famílias de Vere, Neville e Manners.

The TudorsComo as rainhas anteriores, Jane foi generosa com os pobres. Na corte, no entanto, ela era rigorosa e formal, até mesmo peculiar sobre os números de botões que um vestido deveria ter ou o número de pérolas em um colar. Enquanto Ana Bolena era extravagante, Jane era conservadora em seus costumes e sua política. Jane manteve sua fé católica apesar da mudança na religião da Inglaterra. De estatura média, Jane era loira e pálida. Outros consideravam que ela pura e simples de olhar, mas certamente Henrique, cansado da língua afiada de Ana, encontrou o completo oposto da antiga rainha em sua dama de companhia. O rei Henrique foi extremamente feliz durante o verão de 1536, e um dos fatos responsáveis por essa felicidade foi a índole conciliatória e afetiva de sua terceira esposa, que Henrique VIII iria recordar-se como a esposa com a qual tivera uma felicidade sem igual.

Bibliografia:
HACKETT, Francis. Henrique VIII. Tradução de Carlos Domingues. – São Paulo: Pongetti, 1950.
FRASER, Antonia. As Seis Mulheres de Henrique VIII. Tradução de Luiz Carlos Do Nascimento E Silva. Rio de Janeiro: BestBolso, 2010
GEORGE, Margaret. Autobiografia de Henrique VIII. Tradução de Maria Luiza X. de A. Borges. – Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993.
TRACY, Stephanie. Henry VIII Marries Jane Seymour. Acesso em 01 de julho de 2013.
GRUENINGER, Natalie. Henry VIII’s Marriage to Jane Seymour. Acesso em 01 de julho de 2013.
Henry VIII and Jane Seymour’s wedding‘. Acesso em 11 de outubro de 2013.

6 comentários sobre “O Casamento de Henrique VIII e Jane Seymour

  1. Eu acho que o Henrique nunca chegou a ama-la de verdade. Ele amava o fato dela ter dado um filho homem a ele, mas esse filho tivesse demorado um pouco mais pra chegar, eu tenho uma forte impressão de que ele pediria o divórcio dela tb…

  2. I really don’t think he loved her, during their marriage at least, Unlike Catherine and Anne, Jane didn’t conceive straight away, infact I believe it was 8-9 months into their marriage until she became pregnant with Edward and during that time i imagine her position would have been extremely shaky. It probably crossed Henry’s mind that he had married a barren woman and he should get rid of her.

  3. Casalzinho frio,O corpo de ana bolena ainda nem tinha esfriado e os dois tavam se divertindo.

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